Viaje pelo Patrimônio Nacional na Região Centro Oeste
Os estados Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito Federal foram a região central do Brasil, conhecida pela sua riqueza natural e de grande importância para a geografia brasileira. Mesmo sendo destino preferido daqueles turistas que gostam de explorar mais o nosso ecossistema, estas localidades guardam algumas relíquias históricas tombadas como Patrimônio Nacional.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN é o órgão do Ministério da Cultura responsável por catalogar, preservar e divulgar o patrimônio cultural brasileiro. Atualmente, são 10 municípios com algum patrimônio tombado. Veja quais são.
Brasília – Distrito Federal
Fundada em 1960, a atual capital do Brasil foi construída em cima de um conceito de cidade-modelo focada no futuro do país. A ideia era levar à população, prédios e casas em moldes que fugiam àqueles levantados por nossos colonizadores.
Houve um avanço de fato a partir de Brasília, que mudou o conceito de cidades em grandes centros urbanos do país, como é o caso de Curitiba. Por outro lado, a projeção dessas obras, em sua maioria com traços assinados por Oscar Niemeyer, fez com que a cidade se transformasse em um grande patrimônio arquitetônico e urbanístico brasileiro.
Como certificação desse reconhecimento, o IPHAN decretou Brasília como um Patrimônio Nacional em 1987 e a UNESCO, em 1972, como Patrimônio Cultural da Humanidade.
Com estilo inovador estão palácios, edifícios públicos, pontes, jardins, painéis e esculturas, reunindo o melhor da arquitetura e da arte brasileira dos anos 1950, 1960 e 1970. Entre os monumentos tombados e que devem fazer parte do seu tour na cidade, destacamos: o Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal e Congresso Nacional (na Praça dos Três poderes), o Palácio do Itamaraty, Palácio da Justiça, Catedral Metropolitana, Teatro Nacional, Museu e a Biblioteca Nacionais (na Esplanada dos Ministérios), Torre de TV e Memorial JK (no Eixo monumental), Palácio da Alvorada e o Catetinho (que foi a primeira residência oficial do presidente Juscelino Kubitschek no novo Distrito Federal, ainda no período durante a construção da nova capital do País).
Goiás
A descoberta do ouro em Minas Gerais, principalmente na região que hoje é Ouro Preto, fez com que o estado de Goiás se desenvolvesse rapidamente. A região também chamou atenção de bandeirantes pela sua riqueza ecológica e sua geografia, que favorecia a exploração e construção de novas cidades.
Com isso, municípios cresciam e desenvolviam-se em todo Goiás, fazendo com que muitos monumentos ganhassem importância histórica posteriormente. Hoje, o IPHAN reconhece alguns desses centros, que consequentemente foram tombados pelo Instituto.
Corumbá de Goiás
Após a Guerra dos Emboabas, no século XVIII, grupos de mineradores queriam novas terras para exploração e acharam nesta região de Goiás uma grande promessa para novas fontes. A cidade foi crescendo com o tempo e o seu centro recheado de casas e comércios importantes para o desenvolvimento local.
Em 2000, o IPHAN considerou o todo o Centro Histórico de Corumbá como um Patrimônio Histórico e Cultural do Brasil, tombando alguns prédios como o Sobrado da Prefeitura Municipal, o Cine-Teatro Esmeralda, a Praça da Matriz, a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha de França, a Praça Antônio Félix Curado, além de outras praças, casa e ruas do município. O acervo da Igreja Matriz também é destaque, com a imagem de Nossa Senhora da Penha, a do Menino Jesus, a banqueta de prata do altar-mor, o crucifixo de marfim doado pelos Jesuítas (todos as peças do século XVIII).
Além da beleza arquitetônica, não deixe de conferir o famoso Salto do Corumbá e a Cachoeira Monjolinho. Corumbá de Goiás fica a 114 km de Goiânia.
Goiânia
A maior cidade e capital do Estado de Goiás também entra para a nossa lista. Goiânia foi uma cidade planejada para ser o ponto de partida para ocupação do Centro-Oeste brasileiro. Getúlio Vargas, na década de 30, desenvolveu uma estratégia para desenvolver melhor essa região e, com isso, diversos prédios importantes transformaram-se em monumentos atuais.
Goiânia teve 22 edifícios e monumentos públicos tombado pelo Iphan, em 2003. A maioria se concentra no centro da cidade, e no núcleo pioneiro de Campinas (que foi o antigo município e é atualmente um bairro). Entre as construções têm destaque: o Cine Teatro Goiânia e a Torre do Relógio da Av. Goiás, de 1942. Visite também o Antigo Prédio da Suplan/Emop, a Capela de Nossa Senhora das Graças, o Centro Cultural Oscar Niemeyer, o Coreto da Praça Cívica, e a Estação Ferroviária (foto), que foi construída na década de 50 em estilo Art Déco, desativada em 1970 e atualmente abriga a ONG Movimento e Ação, a Guarda Municipal e a Banda de Música de Goiânia.
O acervo arquitetônico de Goiânia é considerado um dos mais significativos do Brasil, por isto, a visita é obrigatória!
Goiás
Não estamos falando do estado como um todo, mas da antiga Vila Boa. Sim, no estado de Goiás tem um município homônimo e esse foi o primeiro núcleo urbano de toda a região. Já falamos dele neste outro post, confere aí!
Além de Patrimônio Nacional pelo IPHAN, Goiás foi declarado, em 2001, como Patrimônio Cultural Mundial, pela Unesco. Então, já sabe que vale a pena conhecer e viajar no tempo pelas ruas desse pequeno município.
A cidade de Goiás fica a 140 km de Goiânia e é um dos principais pontos turísticos do estado, com prédios, praças e casas no estilo barroco-colonial, um charme! Todos são mantidos até hoje com os mesmos traços desde a sua construção. O destaque fica por conta do Casarão da Escola de Artes Veiga Valle, do Mercado Municipal, do Cine-Teatro São Joaquim, do Casarão da Prefeitura Municipal, da Ponte da Cambaúba (foto), do Museu das Bandeiras, do Mercado Municipal, da Praça do Coreto ou da Liberdade e do Chafariz da Boa Morte.
Pilar de Goiás
Pilar de Goiás foi uma das primeiras cidades do estado a ser fundada. Até 1736, essa região era habitada por índios Curuxás e Canoeiros, passando então a ser refúgio de escravos que fugiam, principalmente das fazendas de Minas Gerais. Aqui se formou o Quilombo de Papuã e cerca de 300 casas foram construídas para acomodar as famílias.
A cidade também foi uma das primeiras a ter o patrimônio tombado pelo IPHAN, 1954. Entre as construções históricas, mais algumas praças e igrejas, que fazem parte do acervo destacam-se: a Casa da Princesa ou Casa dos Dutra, a Casa da Intendência, a Igreja dos Pardos, o Chafariz São José (de 1745, que é o único remanescente dos três chafarizes que abasteciam a cidade) e as Grutas dos Escravos, que são galerias das antigas minas de ouro localizadas na Reserva Ambiental da Cachoeira do Ogó, que guardam importante acervo do Quilombo de Papuã.
Você está conferindo as cidades que possuem Patrimônio Nacional tombado pelo IPHAN! Se está gostando das dicas, compartilhe no seu Facebook, ou tuíte, e convide os amigos!
Pirenópolis
Pirenópolis é ponto turístico conhecido dos brasilienses e goianos. Foi uma das primeiras cidades do centro-oeste brasileiro que ocupadas pelos grandes senhores de engenho, mineradores e barões no século XIX. Até hoje, casarões, ruas e igrejas de arquitetura colonial levam o turista a uma viagem no tempo. O conjunto arquitetônico, urbanístico, paisagístico e histórico de Pirenópolis foi tombado pelo IPHAN em 1990 e é um dos mais ricos acervos do Brasil Central.
Entre os pontos turísticos e tombados que não podem faltar no seu tour, destacamos: a Igreja do Carmo e o Museu de Arte Sacra anexo, o Museu das Artes do Divino, a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário (foto – construída entre 1761 e 1763, sendo hoje o maior edifício religioso de todo o Centro-Oeste), a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, o Teatro de Pirenópolis, a Casa de Câmara e Cadeia, o Cine Teatro Pireneus, a Ponte Sobre o Rio das Almas e a Fazenda da Babilônia, que está localizada na área rural, sendo o antigo Engenho de São Joaquim, do comendador Joaquim Alves de Oliveira, um exportador que acumulou enorme fortuna em Goiás.
Mato Grosso do Sul
Casa de atrativos naturais, o Mato Grosso do Sul sempre chamou a atenção por guardar uma parte da reserva natural do Pantanal brasileiro. Ainda assim, destacam-se alguns atrativos de importância histórica, principalmente da época que envolveu o seu desmembramento do Mato Grosso. Entre aqueles reconhecidos pelo Iphan, destacam-se.
Campo Grande
A capital do estado, Campo Grande, guarda um incrível patrimônio histórico e importante construções para o desenvolvimento da região: o complexo ferroviário da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (EFNOB). Ele foi reconhecido como Patrimônio Nacional pelo IPHAN em 2009 e é declaro como o principal centro de desenvolvimento da região centro-oeste brasileira.
O complexo abriga as residências dos trabalhadores da época, os escritórios, oficinas, uma escola, a caixa d’água e a estação propriamente dita, construída a partir de 1914, com ampliações em 1924 e 1930. Você pode tirar um dia inteiro para visitar este espaço e conhecê-lo por completo.
Corumbá
Corumbá nasceu justamente quando se dava a divisão territorial entre o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul. A cidade veio como uma barreira de proteção para que não houvesse invasões e tomada de território do sul do Estado, em 1778. Este fato se reflete no seu patrimônio, tombado pelo IPHAN em 1993.
O Forte Coimbra é o patrimônio destaque. Construído em 1775 para defesa da fronteira portuguesa, hoje o local abriga o Grupo de Artilharia da Costa do Exército. Está localizado às margens do médio Paraguai e até 1872 desempenhou importante papel na defesa das fronteiras brasileiras.
Além do Forte, outros monumentos que você visitar em Corumbá são: a Casa Vanderley & Baís e Casa Vasquez (Museu do Homem do Pantanal), a Escadaria e a Praça General Rondon, o Porto Geral, a Igreja Nossa Senhora da Candelária, a antiga Prefeitura e o antigo Presídio, que hoje é a Casa do Artesão.
Mato Grosso
A história do estado de Mato Grosso se mistura com a do Mato Grosso do Sul. Aqui você encontra uma parte da Amazônia Legal e também muitas montanhas de grande importância para a geografia nacional. O território de Mato Grosso é muito explorado turisticamente, mas para aqueles que desejam muita aventura. Ainda assim, dá para tirar alguns dias para conhecer os dois patrimônios históricos do estado.
Cáceres
Em meados de 1754 precisou-se traçar um limite que fazia parte do Tratado de Madrid, responsável por dividir os territórios da América do Sul entre Portugal e Espanha. Foi a partir dessa definição de limites que nasceu a cidade de Cáceres.
Na época, algumas fazendas, casas de engenho e usina foram construídas por toda essa região, à princípio, Vila Maria do Paraguai. Todos estas construções fazem parte do conjunto arquitetônico tombado pelo IPHAN em 2010. Entre outros monumentos da cidade destacam-se: a Catedral de São Luís (foto), a Praça Central de Cáceres e o Marco do Jauru – estes três já haviam sido tombados em 1978. O Marco inicialmente estava na foz do rio Jauru e foi transferido para a Praça Central de Cáceres em 1883.
Cáceres fica a 218 km de Cuiabá e é conhecida como “Cidade Portal do Pantanal”. Então, aproveite para dar uma esticadinho e conhecer este belo bioma brasileiro.
Cuiabá
A capital de Mato Grosso, Cuiabá, também faz parte da lista de patrimônios históricos do Centro-Oeste. Todo o centro histórico da cidade está tombado pelo IPHAN desde 1993.
Cuiabá guarda os primeiros casarios da Era do Ouro, construídos no Brasil ainda quando a região não era explorada por completo. São casas no estilo colonial e alguns prédios comerciais importantes para o desenvolvimento do município.
Entre os destaques estão a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito de Cuiabá, considerada a mais antiga da cidade e um dos marcos de fundação de Cuiabá; a Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus do Cuiabá; a Igreja do Senhor dos Passos; o Museu do Rio Cuiabá, de 1899, onde funciona o Mercado do Peixe; o Palácio da Instrução hoje Museu Histórico e Biblioteca; o Museu da Imagem e do Som de Cuiabá (MISC); o Museu de Pré-história Casa Dom Aquino e o Museu Rondon, inaugurado em 1972 para ser um centro de pesquisa e divulgação das culturas indígenas em Mato Grosso.
Há ainda o Marco do Centro Geodésico da América do Sul, parada obrigatória para fotos. Cuiabá fica na parte mais central da América do Sul, sendo seu coração, representado pelo marco. Ele fica na atual Praça Pascoal Moreira Cabral, a exatamente 15º35’56” de Latitude Sul e a 56º06’55” de Longitude. Este ponto foi determinado pelo Marechal Cândido Rondon, em 1909 e, posteriormente, confirmado pelo Exército Brasileiro, em 1975. O marco é um obelisco de 20 metros de altura, todo em mármore, que preserva o marco original em alvenaria protegido por vidros. Vale a visita!
Gostou da lista? Deixe seu comentário e nos conte qual a cidade histórica do Centro-Oeste você já conhecia!