ROTA DO CANGAÇO: história de Vida e Morte no Sertão
O Cangaço teve início em 1770 na cidade de Glória de Goitá, em Pernambuco, com um grupo de revolucionários em busca de melhores condições de vida. O movimento rodou praticamente todo sertão e teve seu ápice na década de 1920, com a fama criada por Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.
O Rei do Cangaço, como era conhecido, fez sua revolução por quase 20 anos, tempo em que foi constantemente perseguido pela polícia. Apenas em 1938, uma diligência saída da cidade de Piranhas, em Alagoas, comandada pelo tenente João Bezerra da Silva, fez uma emboscada que resultou no fim do Cangaço. O bando, que contava com Lampião, sua amada Maria Bonita e mais 9 companheiros foi executado na Grota de Angico, município de Poço Redondo, em Sergipe.
Justiceiros-heróis para alguns e bandidos para outros, Lampião e Maria Bonita criaram um mito, que se confunde com as lendas do sertão brasileiro, e por esta fama, a partir de 1997, um projeto implementou o turismo nas terras percorridas pelo bando cangaceiro, constituindo atualmente a Rota do Cangaço.
A Rota do Cangaço faz o percurso da diligência policial que perseguiu e matou Lampião, permitindo aos turistas conhecerem a história do bando e o movimento revolucionário que eles desenvolveram. Conduzidos por guias tipicamente vestidos de cangaceiros, com muitas cores nos lenços, cartucheiras e perneiras e com o tradicional chapéu decorado, os turistas saem do cais de Piranhas e percorrem o sertão até Grota de Angico, em Poço Redondo, local onde foi morto o clã de Lampião.
O ponto inicial do passeio, a ribeirinha Piranhas, em Alagoas, faz divisa com Sergipe pelas águas do Rio São Francisco e preserva os casarios e construções dos séculos XVIII e XIX, sendo tombada pelo IPHAN em 2003 como Patrimônio Histórico e Paisagístico Nacional. Nas escadarias do prédio da Prefeitura de Piranhas foram expostas as cabeças de Lampião e seu bando, trazidas de Poço Redondo, marcando para sempre a vida do município. Para saber mais sobre a histórica cidadezinha, leia nosso post A ribeirinha Piranhas: um patrimônio nacional.
Em Piranhas, os turistas visitam o Museu do Sertão, localizado na Estação Ferroviária construída em 1879, que abriga entre peças da cultura e da história da região, muitas fotos originais de Lampião e seu bando, inclusive a famosa foto com as cabeças decaptadas de todo o bando que foram expostas na escadaria da Prefeitura de Piranhas como troféus.
De Piranhas Velha, assim chamada a região do cais, o passeio segue em uma embarcação pelo Rio São Francisco, passando por ilhotas e praias fluviais. Depois de 45 minutos, a primeira parada é no povoado de Entremontes, onde é possível conhecer o bordado de rendedê e também a casa onde se hospedou Dom Pedro II em uma passagem pela região.
Após a parada, a embarcação volta ao rio rumo ao Restaurante Angicos, o ponto de apoio para iniciar a Trilha do Angico.
Atracando na margem sergipana, há quem opte por permanecer no restaurante e se banhar nas águas do Velho Chico, mas a maioria dos turistas segue caminhada pela trilha de 700 metros, percorrendo caatinga adentro os caminhos de Lampião até a Grota do Angico, local da sua execução, onde há uma placa com os nomes dos cangaceiros e de Adrião, o único soldado morto no confronto. Na Grota os guias contam as histórias e causos da região e do movimento do Cangaço.
Retornando ao restaurante, 1 hora depois, o passeio termina com a exótica gastronomia a base de cactos, com destaque para o doce de ‘coroa-de-frade’, uma iguaria encontrada apenas na Rota do Cangaço.
O tour sai diariamente de Piranhas em dois horários, 09 e 14h, e tem duração de 3 horas e é preciso reservar com antecedência.
Percorrer a Rota do Cangaço é viver um pouco a história de Lampião e seu bando no sertão nordestino. Inclua este passeio na sua próxima viagem!