ILHA DO MEL: doce recanto no litoral paranaense
No litoral central do Paraná, uma ilha se destaca pela beleza e tranquilidade e até no nome é doce passear por lá. A Ilha do Mel surpreende os visitantes pelos 35 km de praias quase intocadas, paisagem rústica, sem iluminação elétrica, e onde veículos não circulam, apenas bicicletas. Paz total na Reserva da Biosfera da Ilha do Mel, título reconhecido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
Pertencente a Paranaguá, a 120 km de Curitiba, e administrada pelo IAP (Instituto Ambiental do Paraná), a Ilha do Mel é protegida da degradação, não sendo permitidos veículos automotores nem a tração animal e o número de visitantes diários é restrito a 5 mil pessoas, com entrada restrita de turistas em alguns pontos da Ilha.
O acesso a Ilha também é difícil: apenas de barco saindo de Paranaguá (1h30min de travessia a R$ 32,00 por pessoa ida e volta), de Pontal do Paraná (Pontal do Sul) e de Morretes, deste último apenas nos finais de semana e feriados, com travessia de 30 minutos a R$ 27,00 ida e volta por pessoa. Como na Ilha só é permitido circular a pé ou de bicicleta, os terminais de embarque possuem estacionamentos a um custo médio de R$ 10,00 por dia no verão.
O desembarque é feito em dois dos cinco vilarejos que compõe a área com permissão de uso: Nova Brasília (centro da Ilha) e Encantadas (sul). Entre os dois pontos de desembarque há uma linha regular de barco de hora em hora.
Mas, qualquer esforço para chegar a Ilha do Mel compensa, pois são 27,5 km² de muita natureza, emoldurada pela Mata Atlântica e pelo belíssimo Oceano Atlântico, com areia clara e fina e águas calmas ou agitadas, ao gosto do visitante. Um conjunto de mar, morros, costões, manguezais, brejos litorâneos e restingas de Mata Atlântica que convidam a longas caminhadas pelas trilhas da Ilha, bem demarcadas.
Dividida em duas unidades de conservação da natureza – Estação Ecológica e Parque Estadual, grande parte da Ilha é reserva ecológica tombada pelo Patrimônio Histórico em 1975 e os 200 ha que possuem permissão de uso, são divididos em 5 vilarejos: Fortaleza (norte), Nova Brasília ou Brasília (centro), Farol (centro), Praia Grande e Encantadas (sul), cada um com sua característica. Paisagens distintas, nas praias e nas opções de lazer, que agradam todos os tipos de turistas.
Os cartões-postais da Ilha do Mel são a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, o Farol das Conchas e a Gruta das Encantadas, além, é claro, das praias, consideradas as melhores do Paraná.
Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres
Um dos monumentos mais importantes do Paraná, a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres foi construída em 1767 para proteger a Baía de Paranaguá e seu porto dos inimigos de Portugal. O Forte, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1972, fica à beira-mar e está bem conservado, assim como seus oito canhões na praça principal da construção que remete a história de guerras iminentes e ocorridas, como a batalha “Combate Cormorant”.
Dois caminhos levam a Fortaleza: partindo da vila de Nova Brasília, o acesso ao Forte se dá por uma escadaria ao final da Praia da Fortaleza; e a partir da Praia do Farol, a caminhada até o local tem duração média de 1h30 minutos, que podem ser feitos pela praia ou pelo Caminho da Figueira em meio a Mata Atlântica quando a maré estiver cheia.
Gruta das Encantadas
Envolta em lendas e histórias místicas, a Gruta das Encantadas se localiza na parte meridional da Ilha do Mel, sendo o patrimônio natural local. Famosa pela estória de lindas mulheres que atraiam homens nas noites de luar para dentro da gruta, o local é formado, geologicamente, pelo migmatito, um tipo de rocha, dividido por um veio de rocha negra, o diabásio, que sofreu as intempéries do mar e se rompeu, formando a gruta. É preciso caminhar entre as pedras até chegar na gruta, assim e recomendável o uso de calçado antiderrapante.
Istmo de Brasília
O Istmo ou Passa-Passa, como é conhecido pelos moradores, é a parte mais estreita da Ilha do Mel e sofre um processo de erosão desde a década de 1930. Atualmente, a largura chega a 30 metros e a água não atravessa mais de um lado ao outro, como aconteceu em 1995, com exceção nas grandes ressacas.
Farol das Conchas
A partir da vila Brasília, uma caminhada de 30 minutos leva ao Farol das Conchas, datado de 1872. O Farol não está aberto à visitação interna, mas a vista panorâmica do alto do morro, depois de subir 150 degraus e algumas rampas, vale a pena, pois é possível os contornos de várias praias e morros da Ilha, além de arquipélagos próximos.
Capela de São Francisco
Um pequeno oratório construído ao pé do Cruzeiro, no Morro Nhá Pina, a 151 metros do nível do mar, guarda várias imagens sacras e principalmente a de São Francisco de Assis, o Santo protetor dos animais. Do alto é possível ter uma bela vista das praias da Ilha.
Morro das Baleias
No alto do Morro das Baleias é possível apreciar um dos mais belos visuais da Serra do Mar do Paraná, valendo a subida.
PRAIAS
Entre as principais praias da Ilha destacam-se: Encantadas e Limoeiro, que ficam nas vilas mais movimentadas; Fortaleza, com 4 km de extensão; do Farol, com ondas fracas; Praia Grande, ideal para surf; do Miguel, semideserta; e de Fora.
Praia de Encantadas
A Praia de Encantadas é o local ideal para quem procura agito na Ilha, pois está localizada em uma das vilas principais e tem a orla ocupada por bares, restaurantes e várias pousadas e opções de camping, além de ser o ponto de embarque e desembarque da travessia ao continente. Ao entardecer o local é é ocupado para apreciar o pôr-do-sol e o acender das luzes de Paranaguá.
Praia do Limoeiro
A Praia do Limoeiro abriga o trapiche da vila Nova Brasília, o segundo local mais movimentado da Ilha, próximo ao Istmo. Também tem alguns bares, restaurantes e pousadas.
Praia da Fortaleza
Com o nome em homenagem ao Forte da Ilha, a Praia da Fortaleza possui 4 km de extensão e é um dos locais procurados por quem quer paz e tranquilidade das pousadas ali instaladas. Há também opções de camping. A caminhada até a Praia e a Fortaleza são longas, cerca de 1 hora e meia, e na maré alta a faixa de areia desaparece, necessitando algum planejamento antes de ir e voltar do local.
Praia do Farol
A partir do Farol das Conchas com mais algum tempo de caminhada está a Praia do Farol, ideal para mergulho, com ondas fracas e água transparente. Algumas pousadas do local oferecem passeios de jet-ski e banana-boat na alta temporada.
Praia Grande
A 25 minutos de caminhada a partir da vila Brasília, a Praia Grande fica em mar aberto e é semideserta, com morros e vegetação. Com ondas fortes e constantes é o reduto dos surfistas na Ilha.
Praia do Miguel
A partir do Morro da Praia Grande ou de Encantadas, uma orla quase deserta emoldurada por costões e vegetação formam a Praia do Miguel, que tem acesso via trilhas com dificuldade média de caminhada. Qualquer esforço vale a pena para ficar em uma das praias mais lindas da Ilha.
Praia de Fora
Vizinha à Gruta das Encantadas, a Praia de Fora tem ondas ideais para surfe e bodyboard, além de larga faixa de areia para caminhadas até o outro extremo chegando na Ponta da Nhá Pina, que possui uma estrutura que funciona como um ponto de encontro, de descanso e praça de alimentação durante os passeios.
Praia de Fora das Encantadas
A Praia de Fora das Encantadas possui alguns bares e quiosques, entretanto é bem mais deserta que a sua quase xará, Encantada. Para quem procura alguma infraestrutura aliada ao sossego, esta é a sua praia.
Na maré baixa, devido a ser uma enseada, há formação de piscinas naturais, com cerca de 400 metros de orla emolduradas por muito verde da Ponta do Joaquim e pelo Farol das Conchas no outro lado.
Curiosidades
Gastronomia: os restaurantes da Ilha adotaram o ‘Prato Surf’, famoso entre os praticantes do esporte. Leva arroz, saladinha, batata frita, carne ou camarão. Impossível não provar!
Origem do nome: algumas versões são contadas sobre a origem do nome da Ilha, sendo as mais famosas:
– antes da II Guerra Mundial, o local era conhecido como a ilha do Almirante Mehl que se dedicou à apicultura;
– marinheiros aposentados viviam na Ilha e dedicaram-se à apicultura até os anos 60;
– a água doce existente na Ilha contém mercúrio, que em contato com a água salgada resulta em uma coloração amarela, similar a cor de favos de mel;
– os índios Carijós que viviam na região apreciavam muito o mel de abelhas e deram o nome à ilha devido à exploração apícola;
– a ilha era entreposto para navios comprarem mantimentos, entre eles a farinha, Mehl em alemão.
A origem do nome pode ser incerta, mas a visita à Ilha do Mel é certeza de ter um doce descanso.