Festa Literária Internacional de Paraty: arte e cultura
“Um escritor para o século 21”. Este é o tema da Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece de 1 a 5 de julho na charmosa cidade do litoral do Rio de Janeiro.
As ruelas calçadas de paralelepípedo e os casarios coloniais formam o cenário ideal para a Flip, evento criado em 2003 que traz para debate grandes escritores mundiais. Mesas literárias são formadas para discutir temas do ano. Além disso, há sessões de teatro e cinema na chamada FlipMais.
As crianças também têm espaço garantido na Flipinha, uma programação paralela com histórias incríveis da literatura infanto-juvenil.
O público que participa da abertura da Flip também curte shows de MPB, com nomes famosos da música nacional.
Flip 2015
O homenageado de 2015 é o poeta, escritor, crítico literário, musicólogo, folclorista e ensaísta brasileiro brasileiro Mário de Andrade, justamento o ano em que completa 70 anos de sua morte.
Mário de Andrade foi um dos principais nomes do movimento modernista brasileiro e ajudou a organizar a polêmica Semana de Arte Moderna de 1922. Entre suas obras mais importantes, vale destacar “Amar, verbo intransitivo”, “Macunaíma” e “Paulicéia Desvairada”, este último livro, inclusive, marca o começo do modernismo literário brasileiro.
Polêmicas não faltam na Flip 2015. Outros autores polêmicos já estão com participação confirmada. O primeiro é Roberto Saviano que escreveu “Gomorra”, um best-seller sobre a máfia italiana e por isto está jurado de morte. O queniano Ngũgĩ wa Thiong’o, que já foi cotado para o Nobel de literatura, também estará na Flip. Ele é ativista político, foi preso e escreveu um romance usando papel higiênico no lugar das folhas. Além disso, a Feira terá o cubano Leonardo Padura nas mesas de discussão. O consagrado escritor, jornalista, diretor e roteirista cubano escreveu o sucesso “O homem que amava os cachorros”.
Além das discussões literárias, a Flip tem na programação teatro, música e oficinas.
Paraty Cultural
Após enriquecer seu conhecimento sobre literatura na Flip, curta Paraty, que tem no Centro Histórico diversas atrações culturais.
A antiga vila de Paraty data de 1720 e teve um plano de construção: suas ruas foram todas traçadas do nascente para o poente e do norte para o sul. Além disso, todas as construções eram regulamentadas por lei e quem a desobedecesse poderia pagar multas ou até ir preso! Por isso, as ruelas tem um plano fácil de se localizar.
A invasão das marés na lua cheia, o porto e seus piratas, a cultura do café e da cana, a maçonaria e o catolicismo determinaram o traçado do Centro Histórico de Paraty. Do porto saem passeios de barco inesquecíveis pela região, que tem águas cristalinas e de azul intenso, tornando as ilhas paradisíacas. O café hoje reina nos vários cafés charmosos da cidade. Da cultura da cana veio a Cachaça, hoje reconhecida com selo de Indicação de Procedência. Do catolicismo a bela Igreja Santa Rita dos Pardos Libertos, de 1722. que deu início a povoação. E da maçonaria as marca nas fachadas dos sobrados com desenhos geométricos em relevo.
Com tantos detalhes, o Centro Histórico de Paraty é tombado como Patrimônio Nacional e considerado pela UNESCO como “o conjunto arquitetônico colonial mais harmonioso do Brasil”.
Uma curiosidade. A maioria das ruas do Centro Histórico tem dois nomes, fruto de decretos municipais conflitantes com o costume já instalado. Por exemplo, a Rua da Praia é a Rua Dr. Pereira; a Rua da Matriz é a Rua Marechal Santos Dias; a Rua do Comércio, a Rua Tenente Francisco Antônio; a Rua da Ferraria a Rua Comendador José Luiz; e a Rua da Cadeia é a atual Rua Marechal Deodoro. Perca-se pelas ruas e encante-se com as belezas históricas e culturais de Paraty.