Bertioga: Capital Nacional da Cultura Indígena
Já imaginou reunir índios de várias etnias em um só lugar para uma grande celebração da sua cultura e tradição? Este é o Festival Nacional da Cultura Indígena que tem como palco a cidade de Bertioga, a 110 quilômetros de São Paulo, onde Pataxós, Paresis, Kayapós, Bororos, Karajás e Guaranis realizam o maior evento no Brasil envolvendo esporte, danças, músicas, rituais, culinária, cultura e tradição indígena.
O Festival acontece desde 2001 e é realizado na Praia da Enseada, onde é montada uma estrutura para receber todos os visitantes. Em abril, quando o evento ocorre marcando o Dia do Índio, Bertioga recebe participantes e turistas que dobram o número de habitantes e lotam os hotéis e pousadas.
Várias atrações fazem parte do Festival Nacional da Cultura Indígena. As águas da Praia da Enseada recebem a tradicional competição de canoa havaiana e, na Praça de Eventos, ao lado do Forte São João, é montada a Tenda Buriqui, onde acontecem as principais atrações e disputas.
O jikunahiti (futebol de cabeça) é bastante interessante e apresenta a rapidez e agilidade dos competidores. Já a corrida de tora e huka huka (luta corporal) mostram a força dos homens. O tradicional arco e flecha não poderia faltar e o tihimore (boliche indígena) chama atenção dos observadores. Além disso, o visitante que participar do Festival poderá conhecer as cerimônias indígenas, como o acendimento do fogo sagrado, que representa a iluminação de novos caminhos, e a cerimônia espiritual de boas-vindas.
O Parque dos Tupiniquins recebe a Feira de Arte Indígena, onde as etnias mostram toda a exuberância de suas indumentárias, além de utensílios domésticos bem trabalhados em fibras naturais. No Parque também é montada a Tenda Tupiniquim, onde acontece o Fórum Social Indígena, que em 2015 tem o tema ‘Sustentabilidade e os parâmetros da nova ecologia: Jogos Verdes e Juventude’. Líderes indígenas e especialistas realizam debates e discussões com objetivo de desenvolvimento sustentável. Além disso, a Tenda Tupiniquim reúne as expressões artísticas, como música, danças, rituais e um lugar especial para a saborosa culinária da etnia Guarani, os anfitriões do Festival.
Já no Forte São João, expressão da história em Bertioga, serão exibidos filmes com a temática indígena e haverá a exposição de fotografia e painéis.
O Festival Nacional da Cultura e Esporte Indígena acontece, em 2015, de 17 a 19 de abril. O evento é realizado pela Secretaria de Turismo, Esporte e Cultura do Município de Bertioga junto com o Comitê Intertribal – Memória e Ciência Indígena, com sede em Brasília.
Um pouquinho das etnias participantes
Guarani
Guaranis, Ava-Chiripas, Ava-Guaranis, Xiripas ou Tupi-Guaranis é um dos povos indígenas mais populosos do Brasil, chegando a mais de 30 mil. São os anfitriões do Festival Nacional da Cultura Indígena e, em Bertioga, moram na reserva indígena Rio Silveira, já na divisa com o município de São Sebastião.
Kayapó
Os Kayapó vivem no Mato Grosso e no Pará, geralmente às margens dos Rios Iriri, Bacajá, Fresco e de outros afluentes do Xingu em aldeias com 200 a 500 habitantes. Os rituais são riquíssimos, como as cerimônias de confirmação de nomes pessoais, de passagem, ritos agrícolas, de caça, pesca e dos eclipses solar e lunar.
Paresi
Paresi é a etnia que mais mesclou sua cultura com os não-indígenas. Desde o século XVII há relatos de contato entre Paresis e europeus, o que fez com que muitos costumes se perdessem. Assim, o Festival resgata muitas tradições.
Pataxó
Pataxó é a etnia que teve o primeiro contato com os colonizadores portugueses, pois estão localizados nos municípios de Porto Seguro e de Santa Cruz de Cabrália, no sul da Bahia, e também em Minas Gerais, tendo como a principal aldeia a Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal. Os Pataxós são em torno de 12 mil pessoas, que tem histórico de muitos conflitos por terra. Apesar de tudo, sempre mantiveram suas tradições e costumes, que podem ser conhecidos no Festival.
Bororo
O termo Bororo significa, na língua nativa, “pátio da aldeia”, devido a tradicional disposição circular das casas. Tem uma riqueza de cerimônias e rituais, que são constantes na vida dos Bororo, como ritos de passagem, de nominação, iniciação e funeral. Alguns dos costumes podem ser conhecidos no Festival Nacional da Cultura Indígena.