UM PASSEIO PELO RECIFE ANTIGO
O bairro do Recife surgiu em fins da primeira metade do século XVI, como porto para escoar pau brasil e produtos agro-açucareiros de Olinda, que era a capital pernambucana na época. O local, próximo ao mar, era considerado apenas área de passagem, sem outra infraestrutura. Com a chegada de Maurício de Nassau, em 1637, foi que o bairro ganhou ares habitáveis e residenciais. Com o passar do tempo, após a invasão holandesa, Recife se tornou a Capital de Pernambuco e Recife Velho ficou sendo o Centro da cidade, interligado aos demais bairros por inúmeras pontes sobre rios e canais. Tombado como Patrimônio Histórico e Artístico, o lugar possui também um complexo de boates, bares, galerias e casas de shows.
Sem dúvida, a melhor maneira de conhecer o Recife Antigo é caminhar por entre as construções seculares e suas ruas de paralelepípedos. Dos legados de Nassau pouco se nota, pois os prédios hoje restaurados e coloridos são movimentados pelo comércio local. Inicie o passeio pela Rua do Bom Jesus, antes Rua dos Judeus, devido ter sido o local onde judeus imigrantes, fugidos da perseguição na Europa, se estabeleceram. Os casarios estilo holandês e as galerias de arte se destacam, assim como a antiga sinagoga, que atualmente abriga o Centro Cultural Judaico, que preserva a cultura deste povo em Pernambuco.
Seguindo ainda pela Rua do Bom Jesus, logo se avista a Embaixada dos Bonecos Gigantes, que conta com a exposição permanente de 45 bonecos, representando personalidades brasileiras, como Alceu Valença, Chacrinha, Ayrton Senna, Luiz Gonzaga, Lampião, D. Pedro I, até o internacional Michael Jackson. A visita é monitorada e explica o processo de confecção e manipulação dos bonecos, ícones locais no Carnaval.
Continue andando, agora em direção a Rua da Alfândega e encontrará a Igreja da Madre Deus, que é tombada pelo Patrimônio Histórico e foi concluída em 1720, linda representante da religiosidade local. Já a Igreja de Nossa Senhora dos Homens Pretos, que foi construída pelos negros no século XVIII, era o ponto de partida do cortejo do rei do Congo, um ritual trazido da África, que, junto com vários outros, deu origem ao maracatu recifense.
Outra preciosidade do barroco em Pernambuco, construída entre 1696 e 1724 é a Capela Dourada, também Patrimônio Histórico, que possui o altar, as paredes e o forro talhados e recobertos com folhas de ouro velho, com dezenas de pinturas. Riquíssimo acervo de arte sacra.
Após fazer um pedido aos santos, continue andando até o Observatório Cultural Torre Malakoff, de onde é possível ter acesso a uma das mais bonitas paisagens de Recife. Pertinho você encontrará o Teatro Apolo, de 1846, que hoje funciona como um cinema dos mais concorridos de Recife. Chegando a Praça do Arsenal da Marinha, não deixe de conhecer o Paço do Frevo, inaugurado em 2014, em um belíssimo casarão. O espaço possui mostras temporárias e permanentes, além de apresentações de grupos, trupes e orquestras de frevo, este ritmo incrível típico pernambucano. Para os animados, a tentativa de aprender alguns passinhos é válida. Aos domingos, na mesma praça, ocorre a Feira do Recife Antigo, com artesanatos e diversas peças e lembranças locais. Pertinho, com o recente processo de revitalização da zona portuária, já estão instalados o Centro do Artesanato de Pernambuco e o Museu Cais do Sertão – Luiz Gonzaga.
Já terminando o passeio pelo Recife Antigo, aprecie o visual da cidade a partir da Praça do Marco Zero. O obelisco foi instalado em 31 de janeiro de 1938, pelo Automóvel Clube de Pernambuco, e ganhou este nome por ser a partir deste marco que são feitas todas as medidas oficiais de distâncias rodoviárias locais. A Praça do Marco Zero é o ponto auge do Carnaval de Recife, mas durante as demais épocas do ano permanece tranquila, com um clima até bucólico.
O norte da praça é banhado pelo estuário do porto do Recife, formado pelo Rio Capibaribe, onde se encontra o Parque das Esculturas, com a famosa obra Coluna de Cristal, de Francisco Brennand. Inspirado em uma flor descoberta por Burle Marx, Brennand criou esta obra de 32 metros de altura, que chama atenção em meio às demais criações do artista.
Às margens do Rio Capibaribe, está a Rua da Aurora, com casarios coloridos do século XIX, onde está o Cine São Luiz, a mais antiga sala de cinema da capital, e também o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – Mamam, que abriga um acervo de 900 peças e um painel de azulejos do artista plástico que dá nome ao espaço.
Para encerrar bem o dia, faça um passeio de catamarã pelo Rio Capibaribe. O tour dura cerca de 1 hora e permite observar alguns cartões-postais por ângulos diferentes, como o Marco Zero, o Parque das Esculturas e os casarios da Rua da Aurora. O passeio tem saídas diárias a partir do cais das Cinco Pontas, às 16h e às 20h. Maneira gostosa de terminar um passeio sensacional pelo Recife Antigo.