Cidades Fantasmas no Brasil – sim, elas existem!
Bruxas, zumbis, fantasmas. Na época do Halloween, os monstros se soltam. A tradição fortíssima nos Estados Unidos do Dia das Bruxas vem ganhando muita popularidade no Brasil. Muitos eventos acontecem em várias cidades, usando como palco bares, casas noturnas e clubes que divertem e aterrorizam a todos.
Entre mistérios e curiosidades que são divulgadas nesta data, as cidades fantasmas sempre voltam à tona, independente do lugar do mundo! E você sabia que tem cidades fantasmas no Brasil? Sim! Elas existem e estão lá, em ruínas, abandonas, mas com muito charme e história para você visitar!
Se você curte histórias e muitas lendas, precisa conhecer as cinco cidades listadas a seguir.
Igatu – BA
Igatu é uma cidade encravada na Chapada Diamantina, que por natureza já apresenta muitas belezas e muitas lendas. A cidade teve seu desenvolvimento a partir da extração de diamantes e pedras preciosas na região, época de riqueza e muito movimento, com casas, comércio, hospital e até um cassino! Nestes prósperos anos, o local era chamado de Xique-Xique – devido à abundância da planta típica do nordeste.
A partir do inicio do século 20, o ciclo do diamante perdeu força e Igatu também. Muitos de seus habitantes saíram em busca de novas oportunidades para outras cidades e do local – que já teve uma população de 10 mil pessoas – restaram apenas as ruínas e saudosos moradores, que hoje não passam de 403.
Igatu, de fato, nunca ficou totalmente abandonada. Muitas das casas da época colonial estão em ruínas, mas há uma parte mais ‘nova’, onde residem seus moradores e ficam um rústico restaurante e alguns bares.
Caminhar pelas ruelas calçadas de pedras e observar as belezas da região é viajar um pouco no tempo, descobrindo histórias e lendas, como as contadas pelos seus moradores, que vão desde os escravos fugidos que ainda perambulam por lá, energias poderosas que fez Igatu ser conhecida como “Machu Picchu Brasileira”, até os sons das minas que parecem ainda estar a todo trabalho. Não é à toa que Igatu é tombada como Patrimônio Histórico e Cultural Nacional pelo IPHAN.
Quem quiser saber mais sobre o local precisa visitar a Galeria Arte e Memória, abrigada em uma das ruínas. O espaço foi criado por um dos moradores, que é artista plástico e quis preservar, a céu aberto, lembranças da época áurea, dentre elas vários objetos que pertenceram aos garimpeiros, como bateias, louças, lamparinas e diamantes. A entrada é gratuita e o espaço funciona de terça a domingo, das 9h às 17h.
Depois de circular por Igatu, dê uma esticadinha para conhecer melhor a Chapada Diamantina, que emoldura várias histórias da região e tem belezas incomparáveis.
Airão – AM
Todos sabem que a Amazônia tem uma biodiversidade incrível. São muitas plantas e muitos animais. Entre estes, as formigas, que são em bilhares a povoar a floresta. Mas, será que já existiram formigas comedoras de gente?
Esta é a lenda que teria motivado o abandono da cidade de Airão, localizada às margens do Rio Negro. Dizem que seus moradores estavam sendo comidos por formigas de fogo… Mas, calma. Assim como contos de Halloween, isto não passa de fantasia.
Pode até haver muitas formigas por lá, mas a verdade é outra. Airão se desenvolveu a partir da exploração do látex do Médio e Alto Rio Negro e no período da Segunda Guerra prosperou. Foi a principal fornecedora de borracha para os Aliados. Mas, com o fim da guerra, a Inglaterra deixou de comprar o produto brasileiro, substituindo-o pelo da Malásia, que era sua colônia. Assim, a cidade faliu. Muitos dos seus habitantes foram morar na capital, Manaus, porém 108 habitantes se mudaram para Vila de Itapeaçu, que ganhou o nome de Novo Airão (a 180 quilômetros de Manaus).
Airão (a Velha) não tem mais moradores desde 1985 e passou por períodos de usa da Marinha. Em 2005 ela foi tombada pelo IPHAN como Patrimônio Histórico Nacional e hoje está protegida. Para chegar até lá é preciso pegar um barco e percorrer um trajeto de cerca de 2 horas, mas o visual assustador compensa!
Quem visita Airão, tira um tempinho para curtir também Nova Airão. Lá a interação com os botos é a maior atração e os bichanos encantam e divertem todos os visitantes. Além disso, a região é porta de entrada para dois Parques Nacionais: o de Anavilhanas e o do Jaú. O primeiro é considerado o segundo maior arquipélago fluvial do mundo, com cerca de 400 ilhas! Já o Parque Nacional do Jaú é segundo maior do Brasil e foi declarado pela UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade. Para visita-lo é necessário obter uma autorização prévia do ICMBio.
Você está conferindo as cidades fantasmas do Brasil. Se está gostando das dicas, compartilhe no seu Facebook, ou tuíte, e convide os amigos para uma viagem assustadora!
São João Marcos – RJ
Nos meados do século 19, São João Marcos, na Serra do Piloto, vivia da produção de café, próspera e em pleno desenvolvimento. Estava estrategicamente localizada às margens da Estrada Real, principal via de ligação no Brasil Colônia (unia Ouro Preto – MG a Paraty – RJ) para escoar toda produção. Por ali passaram muitos nobres e os reis do Brasil, tendo até hoje o mirante Dom Pedro, onde o governante parava para apreciar as incríveis belezas naturais da região.
Com a chegada da República, em 1889, São João Marcos perdeu muita riqueza e movimento, entrando em um período de decadência, reduzindo a população de 10 mil para 4500 em meados da década de 30.
Em 1938 a cidade foi tombada como Patrimônio Histórico Nacional pelo IPHAN, mas dois anos depois aconteceu um fato inédito: o primeiro “destombamento” da história, devido a construção de uma represa. Em 1940, o Rio de Janeiro viveu a iminência de falta d’água e foi necessária a criação da barragem de Ribeirão das Lajes, fazendo com que São João Marcos tivesse seu fim decretado. As casas foram destruídas e a área alagada.
Com o tempo, o volume de água reduziu e a cidade reapareceu, deixando amostra as ruínas da Igreja Matriz, construída entre 1796 e 1801 – o último local a ser demolido, em 1943; uma ponte em arco; o cemitério; e várias calçadas de pedra. Com esta ‘reaparição’, foi inaugurado, em 2011, o Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos www.saojoaomarcos.com.br, com o objetivo de resgatar e preservar a história da cidade. O parque está aberto de quarta a sexta-feira, das 10h às 16h e sábados e domingos das 9h às 17h, com acesso via Estrada RJ-149 Rio Claro – Mangaratiba.
Fordlândia – PA
Você certamente já ouviu falar de Henry Ford, o criador dos automóveis da marca Ford. Mas, você sabia que ele foi ao Pará?
Na década de 1920, Ford veio ao Brasil para comprar uma área às margens do Rio Tapajós com o objetivo de produzir seringueiras e após abrir uma fábrica de pneus, devido a região ser grande extratora de látex na época. A intenção de Ford resultou em uma cidade: Fordlândia.
Fordlândia, como não poderia deixar de se chamar, teve um crescimento próspero e rápido. Suas casas e galpões foram trazidos de navio dos Estados Unidos para o Pará. As seringueiras plantadas longe da floresta (que a protege) foram infestadas de pragas e morreram. Com isto, Ford atravessou o rio e criou outra vila, chamada de Belterra, e também plantou a cultura de forma inadequada. Anos depois, com os problemas agrícolas por desconhecimento da cultura e motivado pela descoberta da borracha sintética (oriunda do petróleo), entre outros problemas, o projeto foi abandonado e, consequentemente, Fordlândia e Belterra faliram.
Para os locais, foi um choque cultural muito grande. Antigos moradores contam que houve brigas e desentendimentos entre os gerentes e os funcionários, que não estavam acostumados e nem satisfeitos com o tratamento em estilo americano. Gerentes fugiram para a floresta e até o Exército Brasileiro teve que intervir e restabelecer a ordem no local. Estas histórias foram todas relatadas no livro “Fordlândia – a ascensão e a queda da cidade perdida na selva de Henry Ford”.
Sabe o mais curioso de Fordlândia? Henry Ford nunca pisou lá depois de construída!
Atualmente, Fordlândia tem pouquíssimos moradores, que ainda preservam as memórias e algumas construções. Entretanto, a maior parte da área está vazia. Lendas da floresta pairam sobre a região e atraem muitos curiosos.
Ararapira – PR
E o último local fantasma na nossa lista é Ararapira, uma vila localizada em Guaraqueçaba, litoral norte do Estado de Paraná.
Fundada como São José de Ararapira, o povoado era uma das 21 vilas criadas pela coroa portuguesa no século 18, sendo uma das primeiras áreas ordenadamente habitadas do Brasil. Com localização estratégica, entre Iguape e Paranaguará, servia de entreposto comercial até meados do século 19. Desde sua fundação, Ararapira desenvolveu e foi próspera e movimentada.
Em 1952 iniciou-se a construção do Canal do Varadouro, que formou a Ilha de Superagui e absorveu o tráfego de embarcações que faziam o trajeto Curitiba – São Paulo, além de fazer subir o nível da área no vilarejo. A construção das estradas no interior do país também ajudou Ararapira a entrar em seu período de decadência. Até que em 1989 o local foi transformado em Parque Nacional e em 1999 tombado como Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO.
As construções ainda estão em pé, mas em ruínas. A velha Igreja Matriz sofre com a ação do tempo, assim como as casas de comércio do centrinho, outrora agitado. O cemitério ainda funciona e antigos moradores ainda vão ao local.
Para visitar Ararapira só chegando de barco contratado junto a algum morador, pois não há passeios formais para o local.
Quer visitar uma das cidades fantasmas? Vá sem medo, se tiver algum fantasminha nestas cidades, com certeza será de um viajante camarada!