Viaje pelos lindos Patrimônios Históricos do Nordeste
Só de falar em cidades históricas no Brasil vem à mente Ouro Preto, Mariana, Tiradentes, Piranhas, Porto Seguro, Petrópolis, entre outras. Com mais de 500 anos, o país tem vários locais com muita história para contar.
Indígenas, portugueses, franceses, espanhóis, holandeses, alemães, africanos, italianos e diversos outros povos enriqueceram nossa arquitetura, cultura, costumes e tradições que estão espalhadas de norte a sul. E mesmo com toda modernização e alteração urbana, muitos locais ainda preservam seus patrimônios. Palácios imperiais, casarios residenciais, casas de câmara, cadeias, teatros, igrejas, mosteiros e conventos são importantes tesouros que constituem o Patrimônio Histórico e Cultural de uma cidade. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN é o órgão do Ministério da Cultura responsável por catalogar, preservar e divulgar o patrimônio cultural brasileiro.
Atualmente, são 77 conjuntos urbanos tombados pelo instituto (isto mesmo, 77!). Como são vários, vamos dividir em posts diferentes. Este traz um pouquinho dos roteiros imperdíveis do nordeste para quem ama história, cultura e arte! Confira.
Patrimônios Históricos e Culturais do Nordeste
Na região nordeste são 30 conjuntos tombados pelo Iphan. Separamos por Estado. Vamos a eles.
Alagoas
Em Alagoas, as cidades de Marechal Deodoro, Penedo e Piranhas convidam o turista para uma experiência histórica. A arquitetura, os casarios e as ruas estreitas revelam as marcas do passado colonial e rico da região.
Em Marechal Deodoro, o destaque fica com o do Palácio Provinciano, local onde nasceu o primeiro presidente do Brasil, o Museu de Arte Sacra, o Convento de São Francisco e a Igreja de Santa Madalena, que trazem o estilo barroco e colonial.
Já as cidades de Penedo e Piranhas são ribeirinhas e ficam às margens do Rio São Francisco. Só por este motivo, já seriam ótimos destinos para curtir a natureza, mas a região foi palco de muitos acontecimentos históricos importantes para o Brasil.
Em Penedo, destacam-se o Museu do Paço Imperial; a Igreja Nossa Senhora da Corrente, datada de 1765 e pertencente a uma família portuguesa abolicionista que protegia escravos fugitivos; o Mercado Público e o Theatro Sete de Setembro de 1884.
Já Piranhas, além das casinhas singelas a beira-rio, foi local da emboscada na Grota do Angico, momento sangrento do país, que desencadeou na decapitação de Lampião e seu bando, na época do movimento Cangaço. Piranhas é ponto de parada de quem percorre a Rota do Cangaço e conhece mais deste fato marcante na região.
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Bahia
A Bahia é o berço do Brasil e, portanto, reúne muitos acontecimentos, monumentos, construções, museus e vários prédios históricos. O centro histórico de Salvador e a Costa do Descobrimento foram reconhecidos também pela Unesco como Patrimônio Mundial e a Capoeira como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Riqueza assim, só conhecendo de perto!
Começamos o tour Bahia-História em Salvador. A primeira capital do país tem o Pelourinho tombado. E não é para menos. Caminhar pelas ruelas é viajar na história do Brasil-Colônia, além de acrescentar um tempero de acarajé e arte em seu passeio. O Conjunto da Igreja e o Claustro da Ordem Primeira de São Francisco de Salvador foi eleito uma das sete maravilhas do Mundo Lusófono. Orgulho do Brasil! Não deixe de fazer um tour virtual em 360° para admirar-se com todas as belezas do ‘Pelô’ e de Salvador.
A próxima parada é em Porto Seguro, cujo centro tombado é considerado o primeiro núcleo habitacional do Brasil. Visite também o Memorial da Epopeia do Descobrimento, onde há uma réplica da Nau Capitânia, que trouxe Pedro Alvares Cabral ao Brasil junto de sua tripulação em 1500. Imperdível.
Já Lençóis, além de ser a porta de entrada para a Chapada Diamantina, ainda tem um rico Patrimônio Histórico Cultural. São vários casarões espalhados pelas ruas principais da cidade, com destaque para a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, o Museu Afrânio Peixoto, cujo acervo abriga pertences do médico e escritor, e para a antiga residência da família Sá, onde atualmente funciona a Prefeitura.
Cachoeira está no Recôncavo Baiano e reúne o segundo maior conjunto arquitetônico do estilo barroco do Estado. Cortada pelo Rio Paraguaçu, a cidade também é referência da cultura da ‘baianidade’ e da religiosidade, onde rituais católicos se misturam com os preceitos do candomblé. A Santa Casa, construída no século 18, a Capela de Santa Bárbara e o Chafariz Imperial são obras arquitetônicas importantes.
A passagem de Dom Pedro II por Cachoeira deixou um marco importante: a ligação entre a cidade e sua vizinha, São Félix, que também tem seu centro e várias construções tombadas como patrimônio histórico. A charmosa ponte metálica rodoferroviária foi batizada com o nome do príncipe regente e construída no século 19.
Em São Félix, o destaque é a Cadeia Pública, a antiga fábrica de charutos Dannemann – que hoje abriga um espaço cultural e a antiga estação ferroviária – datada do período do Brasil-Império.
Igatu é um distrito do município de Andaraí e ficou conhecida como a “Machu Picchu baiana”, devido a suas construções de pedra. Possui um casario histórico todo de pedra datado do século 19, resquício da época do Ciclo do Diamante na região da Chapada Diamantina, que fica bem pertinho. Uma linda região com um charmoso vilarejo em meio às belezas naturais.
Já Itaparica, famosa por suas praias deliciosas, fica na ilha de mesmo nome, mas seu patrimônio histórico foi alvo de vandalismos. A Igreja de São Lourenço – datada do século 17 teve várias imagens sacras roubadas, sendo que a de São Elesbão é a única com suas características em todo o país. Fato triste para toda arte sacra da região.
Monte Santo, outro patrimônio histórico-cultural, entrou para história em 1784, quando foi encontrado a Pedra do Bendegó – o maior meteorito encontrado em solo brasileiro. Em 1897 a cidade foi quartel-general do exército durante a Guerra de Canudos. Seus casarios e igreja também foram cenários das gravações de um dos filmes mais premiados do cinema nacional – Deus e o diabo na terra do sol – do cineasta Glauber Rocha. Pra lá de famosa, Monte Santo atrai ainda muito fiéis na Romaria de Todos os Santos, que acontece todos os anos no Santuário Santa Cruz.
Mucugê é outro município coladinho a Chapada Diamantina. Seus antigos casarões coloniais de estilo português mostram toda a importância da região no século 19, quando serviu de centro comercial da mineração de ouro e diamantes. Contam os antigos moradores que Mucugê dispunha até de uma “embaixada” da França. Depois do ciclo destas preciosidades, a cidade decaiu, mas o patrimônio histórico está preservado em suas ruelas.
Rio de Contas foi criada por Provisão Real em 1745 e pode ser considerada a primeira cidade planejada do Brasil. Isto porque suas ruas são amplas e com várias praças, preservando até hoje o antigo traçado. Foi morada de escravos alforriados e passou por uma exploração drástica durante o ciclo do ouro e do diamante, por ficar próxima a Chapada Diamantina. As várias épocas e suas características são visíveis até hoje, nas belas igrejas barrocas, nos monumentos públicos e religiosos em pedra e no casario em adobe.
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Ceará
O Ceará tem quatro cidades históricas: Aracati, Icó, Sobral e Viçosa do Ceará.
Conhecida pela famosa Praia da Canoa Quebrada, Aracati tem seu centro urbano tombado como patrimônio histórico e as obras da época de sua fundação, em 1747, ainda estão preservadas, como a Casa da Câmara e a Cadeia – de 1770 e os vários casarios da Rua do Comércio, antiga Rua das Flores.
Icó, vizinha a Aracati, foi a terceira vila do Estado – início em 1683 – e seu patrimônio arquitetônico data do século 18. Icó foi uma das cidades que tiveram projetos urbanísticos planejados na corte em Lisboa e o traçado do centro ainda mostra todo cuidado com ruas e praças.
Sobral ficou conhecida internacionalmente em 1919, junto com a Ilha do Príncipe, em São Tomé e Príncipe, por ser a primeira a comprovar a Teoria da Relatividade de Albert Einstein. Mas, bem antes disso, a cidade já tinha muitos acontecimentos, especialmente pelo Ciclo do Charque, que movimentou a economia e desenvolver todo patrimônio arquitetônico local. A riqueza da época pode ser vista na Igreja do Rosário e do Bom Parto e nos casarios que a rodeiam.
Já Viçosa do Ceará, que fica na Serra da Ibiapaba, teve início com o contato dos índios que lá moravam com os franceses, vindos do Maranhão, entre 1590 e 1604. Depois disso, se tornou vila da Companhia de Jesus, em missões jesuíticas. Em 1695 foi construída a Igreja de Nossa Senhora da Assunção, em estilo colonial, que foi tombada e restaurada em 2006, ganhando alguns itens mais modernos internamente.
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Maranhão
Alcântara, no Maranhão, dispensa apresentação quando o assunto é patrimônio histórico. Uma das cidades mais lindas em termos arquitetônicos do período Brasil-Colônia ainda preserva muitos dos casarios. Pelo centro histórico é possível circular entre as construções em estilo português com os típicos azulejos, trazidos pelos ricos barões e comerciantes que faziam fortuna explorando agricolamente a região. O Palácio Negro – antigo mercado de escravos, os palacetes dos barões de Pindaré, de Mearim, São Bento e Grajaú e a casa do imperador estão localizados na Rua da Amargura, a principal do século 18.
Para conhecer mais da história é preciso visitar o Museu Histórico de Alcântara, que fica na Praça da Matriz, onde está a construção cartão-postal de Alcântara: uma igreja do século XVII, que nunca foi finalizada, a Matriz de São Matias, que tem em sua praça um pelourinho, onde eram castigados os escravos desobedientes. Quer conhecer mais Alcântara? Faça nosso passeio virtual em 360 graus.
Próxima parada no Maranhão é São Luís, que tem um centro histórico diferenciado, pois é o único em estilo francês, colonizados da capital maranhense. As ruelas ainda calçadas de pedra com vários becos estreitos desembocam em museus, igrejas e, claro, nas praias. O destaque fica para o Palácio dos Leões, o Teatro Arthur Azevedo,o Beco Catarina Mina, a Igreja Do Carmo e a Catedral da Sé.
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Paraíba
Quem disse que João Pessoa só tem praia bonita, se enganou. Tudo bem que acertou que tem belas praias, mas a capital paraibana também tem um belo conjunto arquitetônico. O Centro Cultural São Francisco, construído em 1589, é considerado o mais bonito e importante conjunto de arte barroca do Estado e abriga, na área interna, o claustro e a Igreja de Santo Antônio. Na área externa estão a Fonte de Santo Antônio e o Relógio de Sol. Além disso, o Convento e Igreja Nossa Senhora do Carmo é uma bela representante do barroco colonial.
Já Areia é outro município com muita história na Paraíba. Foi a segunda cidade do país a abolir a escravatura, antes mesmo da assinatura oficial. Teve o primeiro teatro do Estado, o Theatro Minerva. Seu centro tem vários casarios coloniais e também o Museu de Pedro Américo, com várias réplicas dos quadros deste célebre cidadão areiense – entre elas a famosa obra “O Grito do Ipiranga” encomendada a ele por Dom Pedro II.
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Pernambuco
Recife, Olinda e Igarassu fazem o triângulo histórico de Pernambuco. As três cidades ficam bem próximas e abrigam grande patrimônio.
Começando com a capital, seu centro é chamado Recife Antigo e tem influência da colonização portuguesa e também da época de domínio holandês. As ruas do Bom Jesus, da Moeda e da Aurora são as principais e que fazem o visitante viajar no tempo. Com seus paralelepípedos e casarios antigos, as ruas abrigam: a primeira sinagoga das Américas, a antiga Casa da Moeda dos holandeses, casarões que hoje abrigam órgãos governamentais, museus e centros culturais, além de muitas casinhas coloridas em frente ao rio Capibaribe.
Subindo as ladeiras, encontra-se Olinda, onde estão construções barrocas rococós de estilo português, como a Basílica de São Bento, o Convento de São Francisco e a Igreja Nossa Senhora das Neves do século 16, a Igreja da Misericórdia com azulejos aparentes e muitas casas e casarões da época do Brasil-Colônia.
Já o destaque em Igarassu é para o Convento de Santo Antônio, de 1588, onde funciona atualmente o Museu Pinacoteca, cujo acervo é um dos mais representativos da pintura colonial brasileira.
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Piauí
Já no Piauí, as cidades de Oeiras, Parnaíba e Piracuruca são que possuem patrimônio histórico tombado pelo Iphan.
Oeiras guarda muitos encantos em seu Centro Histórico, toda a área é tombada, com destaque para o Solar das Doze Janelas, o Museu do Divino Espírito Santo, o Cine Teatro de Oeiras e a Ponte Grande, a primeira ponte de pedra do Piauí.
Parnaíba é famosa pelo Delta do rio de mesmo nome, que deságua no oceano formando ilhotas, mangues e igarapés. Mas, a pequena cidade preserva muita história em seu centro, principalmente na singela arquitetura da Catedral Nossa Senhora da Graça e nos prédios antigos espalhados pelas ruelas calçadas.
Já Piracuruca é porta de entrada para o Parque Nacional das Sete Cidades, mas quem passa por lá não deixa de apreciar os vários casarões do centro histórico, com destaque para a Igreja Matriz construída de pedra em estilo barroco. A cidade ainda possui um sítio arqueológico, com arte rupestre brasileira, de grande interesse para historiadores.
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Rio Grande do Norte
O Rio Grande do Norte não fica fora do conjunto patrimonial tombado do nordeste. Natal, sua capital, abriga a Fortaleza dos Reis Magos, construído entre 1598 e 1630, na margem do rio Potengi.
Além disso, o centro histórico engloba a Cidade Alta e parte do Bairro da Ribeira, com destaque para o Palácio Potengi – atual Pinacoteca do Estado/Palácio da Cultura, o Teatro Alberto Maranhão, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e a Igreja de Santo Antônio. A Festa de Santana de Caicó também é tombada, mas como um bem de natureza imaterial. Faça um tour virtual em 360° por Natal.
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Sergipe
Sergipe tem duas cidades com incríveis tesouros nacionais. A dupla dinâmica é Laranjeiras e São Cristóvão.
Laranjeiras foi a mais importante cidade sergipana do Brasil-Colônia. Foi lá construído o primeiro porto e as praças e ruas estão alinhadas obedecendo ao traçado fluvial. Na área central estão os vários prédios tombados em estilo barroco, com destaque para a Igreja de Comandaroba ou Igreja de Nossa Senhora da Conceição, a Igreja Matriz do Coração de Jesus, a Casa de Ti Herculano e o Engenho Retiro, que abriga a casa dos jesuítas e Capela de Santo Antônio.
Já São Cristóvão é também Patrimônio Cultural da Humanidade, reconhecido pela Unesco em 2010. Apresenta um registro único e autêntico na arquitetura e nas obras pois foi construída entre 1580 e 1640, período no qual Portugal e Espanha estiveram unidos sob uma única coroa, nos reinados de Felipe II e Felipe III. O destaque patrimonial fica por conta das construções em torno da Praça São Francisco, como o Museu de Arte Sacra, o Convento e Igreja de São Francisco, o Museu Histórico do Estado de Sergipe, a Igreja de Santa Isabel e Congregação Irmãs Missionárias Lar Imaculada Conceição – datada de 1607, além das ladeiras de Epaminondas (Beco da Poesia), do Porto da Banca e do Açougue.
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Visitar o patrimônio histórico do Brasil é preservar toda nossa memória. Qual deles você conhece?