Vesperatas de Diamantina: Música, Cultura e Tradição
A cidade de Diamantina, em Minas Gerais, ficou conhecida nacionalmente por ser o berço do ex-presidente Juscelino Kubitschek. Apesar disso, sua importância histórica e manifestações culturais fizeram do município um Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, título reconhecido em 1938, e, posteriormente, em 1999, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, decretou Diamantina e suas particularidades como um Patrimônio da Humanidade.
Entre os diversos atrativos de Diamantina, merecem destaque as Vesperatas que tanto encantam turistas e moradores. Música de qualidade, em um cenário histórico a luz de velas de lampiões. Veja como se programar para assistir a estes pequenos festivais ao ar livre e como aproveitar a cidade da melhor forma possível.
História das Vesperatas de Diamantina
As Vesperatas são pequenos espetáculos organizados pelo 3º Batalhão da Polícia Militar de Diamantina, em parceria com a Banda Sinfônica Mirim Prefeito Antônio de Carvalho Cruz. As duas instituições se unem para tocar músicas de muita qualidade e requinte em sacadas de casas coloniais da cidade.
A primeira apresentação aconteceu ainda no século XIX, quando foi criado o Bispado de Diamantina. Na época, essa nova instituição atribuiu regras diversas e opostas ao que já existia, o que fez com que incentivos à música em Diamantina fossem reduzidos à quase zero.
Isso fez com que os músicos da cidade se unissem para se apresentarem em locais públicos, já que não existiam tantos espaços destinados à categoria. Foi então que a banda do corpo militar de Diamantina realizou um show na sacada de um casarão que ficava em uma praça muito popular da cidade e gerou comoção geral.
A ideia foi muito bem aceita pela população e logo passou a ser frequente. Pouco tempo depois, ganhou um nome, Vesperata, além de ser instituída com um calendário frequente. Em 1997, a Vesperata mudou de lugar e ganhou “palco” na Rua da Quitana, onde acontece até hoje.
A Vesperada já completou uma década e ganhou, em 2010, um prêmio do Ministério do Turismo como 1º lugar na categoria “Eventos Sustentáveis do Brasil”.
O espetáculo mistura diversos estilos, onde o apreciador da boa música ouvirá desde MPB clássico aos modernos; samba e bossa nova; além de muitos outros ritmos que são referências para a história da música brasileira.
Onde acontecem as apresentações?
Os casarões coloniais da Rua da Quitanda servem como palco para a Vesperata. Os músicos ficam sobre as sacadas e janelas dessas construções e o maestro se mistura ao público, no centro do Largo da Quitanda que abrilhanta o lugar.
O acesso aqui é bem simples, independente de onde você estiver hospedado em Diamantina. O trânsito, quanto mais próximo da hora do evento, fica mais intenso, o que é bem comum em qualquer ocasião desse tipo. Se você estiver com carro próprio, é indicado antecipar a sua chegada para garantir estacionamento. Para quem depende de táxi, não há problema, pois a região é bem servida durante o dia todo.
Quando acontece?
As Vesperatas de Diamantina ocorrem durante vários meses do ano, mais precisamente de abril a outubro. São escolhidas duas datas por mês, sempre aos sábados para que aconteça a apresentação.
O calendário das Vesperatas de Diamantina para 2015 foi definido da seguinte maneira:
Abril: dias 18 e 25
Maio: dias 16 e 30
Junho: dias 20 e 27
Julho: dias 11 e 25
Agosto: dias 15, 22 e 29
Setembro: dias 19 e 26
Outubro: dias 03 e 17
As apresentações acontecem sempre às 20 horas e têm uma duração de aproximadamente 2 horas e meia. Como é um evento muito concorrido e o espaço não é muito grande, é indicado sempre chegar bem cedo, caso queira pegar uma boa mesa e ver a banda bem de perto. As mesas são vendidas até meia hora antes de começar o espetáculo, mas é bem provável que você não encontre no dia, pois a concorrência é bem alta. Com isso, a organização disponibiliza também a venda antecipada por email ([email protected]).
O valor cobrado varia a cada apresentação, mas basta entrar em contato com antecedência, indicando qual a data desejada que você receberá todas as orientações. Caso você esteja viajando com uma agência de turismo, a mesma geralmente se encarrega por esse processo.
Durante a apresentação
As mesas são vendidas com 4 lugares, mas se você estiver viajando sozinho, pode comprar ingressos individuais. Para quem não deseja pagar para ver a apresentação, dá para ficar em pé, fora do espaço. Você conseguirá acompanhar muito bem o show das Vesperatas, mas exclui-se do atendimento dos bares e restaurantes.
Durante a apresentação, há serviço de comes e bebes para os espectadores. Bares e restaurantes na Rua da Quitanda são responsáveis pelo atendimento ao público durante as Vesperatas. Para quem pagou pela mesa, não será permitido o consumo de comidas e bebidas que não sejam dos estabelecimentos que ficam no Largo, mas tem muitas opções entre petiscos saborosos, pratos típicos da culinária mineira, assim como bebidas quentes e geladas.
Conheça Diamantina
Antes e após a Vesperata há muito o que conhecer em Diamantina. Para quem chega na sexta à tarde, já pode aproveitar a Seresta, uma tradição que permanece viva em Diamantina. Os seresteiros tocam lindas melodias enquanto caminham pelas ruas históricas da cidade, sempre com início nas escadarias da Igreja de São Francisco e chegada no Mercado Velho, antigo pouso dos tropeiros, onde acontece a Sexta Cultural, com exposições artísticas e comercialização de artesanatos e boa gastronomia.
No sábado, durante o dia, caminhe por Diamantina e visite seus principais pontos turísticos, como a Casa de Juscelino Kubitschek, filho ilustre da cidade que foi um dos presidentes mais queridos do Brasil; o Passadiço da Glória, um dos cartões-postais de Diamantina; a Igreja de São Francisco de Assis também chamada de Igreja da Irmandade dos Brancos Pobres em estilo rococó, onde está enterrada a ex-escrava Chica da Silva; a Casa de Chica da Silva, uma das personagens mais populares na história que viveu uma vida de rainha na cidade em plena época da escravidão; a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, construída em 1760, a mais rica da cidade com altar folheado a ouro e um órgão com mais de 600 tubos, que mostra o auge da região durante o ciclo do Diamante; e o Museu do Diamante, com acervo de objetos utilizados na mineração da pedra preciosa, além de mobiliário, louças e utensílios do período entre o século XVII a XIX.
Aos domingos pela manhã acontece o evento chamado “Café no Beco”, com quitandas, boa comida e artesanato. Às 10h tem o Sarau de Arte Miúda, onde crianças mostram seu talento ao interpretar grandes nomes da música brasileira. Se tiver a tarde livre, ainda é possível visitar o Garimpo Real, para conhecer as etapas de exploração do diamante no Rio Guinda, da forma como era feito antigamente, ou o Parque Estadual do Biribiri, junto a Serra do Espinhaço, que reserva belas paisagens a 14 quilômetros do Centro de Diamantina.
Programe-se desde já para conferir de perto das Vesperatas de Diamantina. Ainda tem vários finais de semana para você se apaixonar por Diamantina.